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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

História

Você é fogo, viu? Falou da útima vez que sentiu Mas ouviu e ouviu e ouviu Sem ver direito, tava meio embassado No meio de todo aquele cabelo embaraçado Tinha uma mão na cara de um, Um tapa na cara do outro Uma névoa de sorrisos entre os dois Mas como foi que isso tudo começou? Ah, isso não se viu Mas de um dia pro outro o céu se abriu, Porque tava escuro, De todo lado, Só que assim, claro, claro, não ficou, Ficou nublado E que nublado... Não deixava ela de lado Ficou ali, meio assim, Até que um dia disse que sim Bem, mais ou menos, Mas tava mais do que valendo Mas eh, não, sim, Oras, a vida é assim, Tá bom pra você, Tá ruim pra mim Eu também queria o bom, poxa Bom pra você, bom pra mim, Todo mundo bom e ninguém de trouxa, Mas que ideia! Ideia que voltava com cada marca roxa Sabe? Da boca E que boca... Mas de boca não conhecia Bem, só da boca pra fora, Porque o céu lá dentro não via, Só aquele mesmo da piscina E ficava na vontade E na saudade E na amizade...

Além-mar

     Quero ser       como um qualquer comum nenhum até distante num outremer      quero ser      quem eu quiser sem fim sem esconder o meu querer e o teu sequer       em se lembrar       do meu "pois é..."

Último Devaneio de Carnaval

Alforriado de um corpo, dita prisão carnal, vos apresento em verso torto meu devaneio de carnaval. Pelos momentos de euforia aceitamos sem nos queixar hedonismo, canto, folia e a quarta feira do pesar Esquecidos da rotina pelos prazeres, pelas "ínas" pelo som dos atabaques, das cuícas Mas quando voltarmos as linhas façamos da quarta de cinzas Ritual. Para os que não dançaram beberam ou se alegraram, no último carnaval.

Dentista

Dizem que ir ao destista é um dos grandes medos de todas as crianças. E dizem que a maioria dos medos são irracionais. Bem, esse não é um deles.  A ida ao dentista se resume a horas de espera e sofrimento, para, depois, ainda ter que pagar por isso. Toco a campainha do consultório e encaro meu reflexo na porta espelhada, como se ninguém pudesse me ver do lado de dentro, até que a porta se abra. Entro no consultório, aonde, junto de mais oito desconhecidos, aguardo até as cinco horas, pela minha consulta das três e meia, assistindo aos clipes do Abba, na televisão da sala de de espera. A assistente do dentista finalmente me chama e me leva até a sala, aonde me deixa pronto para ser examinado, limpado, higienizado, exterminado por ele. Ela põe todos aqueles aparatos, lenço no pescoço, óculos protetor e até me da um papelzinho, caso precise limpar a boca depois. Acredito que de cada dez casos de TOC extremo, nove são dentistas. A experiência do começo pode até parecer boa, mas é porque o

Dá-se um jeito

José nasceu normal, dotado do dom de poeta. Palavra que é dita, nunca lhe afeta A única que lhe é fatal, a tal da palavra escrita, Agora deixou de existir, pois foram-se neste poema as últimas gotas de tinta. Sem tinta, caneta ou papel restou pra José declamar poemas pro Céu Que, comovido com o recital, chorou toda mágoa de vez em tempestade tropical.

O Culpado

É por Deus ser justo que eu tenho medo de mim mesmo, do meu próprio veneno É por isso mesmo que eu sei que sou ruim, sou assim, como ninguém nunca foi pra mim É por eu sempre pedir, mas ele estar ocupado, quando na verdade  era eu o culpado Por eu sempre pensar duas, três, dez vezes  antes de fazer ou falar e não dar em nada, porque sempre o que eu pensei foi a mesma coisa errada Tenho medo de dizer que eu sofro, que eu sofri, porque sei que vou sofrer mais e eu sei que mereci Mas mais do que tudo, tenho medo de agir pra tentar melhorar, porque vamos e convenhamos, a justiça não é neutra e ninguém nunca vai mudar.